Antigamente era muito comum ouvir a orientação de que para tratar anemia era necessário aumentar o consumo de determinados alimentos como couve, beterraba, fígado e feijão. No entanto, nem todas as anemias tem a mesma causa, e por isso nem sempre respondem a tais ajustes na alimentação.
Ainda nos dias de hoje, a causa mais comum de anemia no mundo é a falta de ferro, seja por baixo consumo, seja por perdas excessivas do mesmo (principalmente por sangramentos). Por isso, tão importante quanto a reposição deste nutriente, é identificar e tratar o que levou à falta do mesmo.
Apesar disso, existem diversas outras razões que podem levar o paciente a apresentar anemia. Dentre elas, existem deficiências de outros nutrientes, como vitamina B12, ácido fólico (vitamina B9) e cobre. Essas deficiências podem ocorrer em dietas bastante restritas assim como em doenças do trato gastrintestinal que cursam com dificuldade na absorção dos alimentos, procedimentos cirúrgicos como cirurgia bariátrica ou ainda uso de determinadas medicações.
Existe também a possibilidade de que a produção de células na medula óssea, a nossa fábrica do sangue, esteja prejudicada. Assim, mesmo que não haja deficiência de nenhuma substância, o paciente pode desenvolver anemia. Isso ocorre em casos em que a quantidade de células está diminuída como um todo e também em situações em que o espaço destinado à produção de células do sangue passa a ser ocupado por outras células patológicas, fibrose ou microorganismos.
Outro cenário que pode resultar em anemia são os chamados quadros hemolíticos. Nestas doenças, as células são adequadamente produzidas, porém são destruídas precocemente na circulação sanguínea, antes que a medula consiga produzir novas células para realizar a reposição.
Ainda, existem doenças hereditárias que alteram a produção de hemoglobina e/ou o formato dos glóbulos vermelhos, sendo em geral diagnosticadas pelo teste do pezinho. Dentre estas doenças pode-se citar a anemia falciforme, as talassemias e a esferocitose hereditária.
Por fim, pacientes que apresentam diversas comorbidades e/ou doenças graves podem evoluir com um quadro chamado de anemia da inflamação, em que a medula não consegue manter a produção adequada mesmo que não apresente nenhuma doença hematológica específica ou carência de algum nutriente.
Na dúvida, é recomendado que se procure um médico hematologista para esclarecer a causa da anemia e iniciar o tratamento mais indicado para cada caso.
Dra. Rafaela Galli
Médica Hematologista do Complexo ISPON
CRM-PR 38562 | RQE 30060