Nosso couro cabeludo possui cerca de 100 mil fios de cabelo, sendo que perdemos aproximadamente 100 fios todo dia, naturalmente. Os folículos capilares são estruturas que fazem parte da pele e dão origem ao fio de cabelo. Esta estrutura está em constante multiplicação celular. Todo dia células morrem e se renovam. A quimioterapia age sobre o tumor afetando a sua multiplicação e crescimento, mas acaba agindo da mesma maneira em muitos órgãos e tecidos do nosso corpo (principalmente aqueles que estão constantemente se renovando como pele, mucosas, medula óssea e outros). Assim, a produção de cabelo é prejudicada e a estrutura dos complexos folículo-capilares pode ser "quebrada" devido a quimioterapia e o cabelo começa a cair algumas semanas após a realização de quimioterapia.
A alopécia, nome dado à queda de cabelo, causada pela quimioterapia geralmente atinge toda a cabeça, mas pode predominar em algumas áreas. Outros pelos, em todo o corpo também podem cair, como as sobrancelhas e pelos pubianos.
O momento em que o cabelo começa a cair varia com o tipo de quimioterapia, a dose e os intervalos, mas geralmente se inicia ao final do 1º ciclo e costuma cair por inteiro ao final do 2º ciclo. Quimioterapias semanais, em doses baixas, ou em comprimidos podem causar queda de cabelo menos perceptível e que acaba se equilibrando com o crescimento normal, ficando pouco aparente. Protocolos de tratamento com altas doses, intermitentes ou que combinam dois ou mais quimioterápicos tendem a causar alopécia mais acentuada, assim como os pacientes que recebem tratamento com radioterapia na região da cabeça.
Geralmente a queda de cabelo é reversível, com o fim do tratamento, pois as células tronco no bulbo capilar acabam resistindo à ação da químio. O cabelo geralmente volta a ser produzido após algumas semanas do término da quimioterapia e volta a estar aparente entre 2-6 meses após. No retorno, o cabelo pode voltar a crescer em cores e espessuras diferentes do original.
EXISTE MEIO DE PREVENIR A QUEDA DE CABELO PELA QUÍMIO?
Existem as chamadas toucas hipotérmicas que, através do resfriamento do couro cabeludo durante a sessão de quimioterapia, reduzem o aporte sanguíneo para esta região. Com isso, ao receber menos sangue, o couro cabeludo recebe também menos dose de quimioterapia. O resfriamento geralmente se inicia alguns minutos antes da infusão da quimioterapia e segue por um período após. Estudos mostram que a redução do risco para perda de cabelo pode chegar a mais de 50%. Alguns efeitos colaterais incluem dor de cabeça, náuseas e sensação de frio.
Existem algumas contra indicações para o uso de toucas hipotérmicas, como por exemplo tumores na infância, necessidade de tratamento com radioterapia na cabeça, alguns tumores como o de pequenas células de pulmão, melanoma, leucemias e pacientes em transplante. Até o momento não existe nenhum tratamento farmacológico cientificamente comprovado que evite a queda de cabelo pela quimioterapia.
E vale lembrar que não é só a quimioterapia que pode causar queda de cabelo; alguns outros tratamentos contra o câncer, incluindo a imunoterapia e as drogas alvo-moleculares, também podem induzir alopécia em maior ou menor grau.
Se tiver mais dúvidas sobre esta e outras questões, procure seu oncologista.
Dr. Pedro Grachinski Buiar
Médico Oncologista Clínico do Complexo ISPON
CRM-PR 32421 | RQE 24830 | RQE 24831