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O silencioso câncer de ovário

Embora não seja o tipo de câncer ginecológico mais comum, o câncer de ovário é o mais grave devido a sua letalidade

O silencioso câncer de ovário

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 6.650 novos casos de câncer de ovário, com um risco estimado de 6,18 casos a cada 100 mil mulheres.

Silencioso. É assim que nos referimos ao câncer de ovário e o que o torna grave. Cerca de 75% dos casos tem o diagnóstico quando a doença já está avançada, isso ocorre porque sintomas são vagos e aparecem quando a doença já está instalada. Os sintomas variam de mulher para mulher, mas podem incluir:

• Desconforto ou dor abdominal;
• Sensação de empachamento, náusea, diarreia, prisão de ventre ou necessidade frequente de urinar;
• Perda ou ganho de peso inexplicável;
• Perda de apetite;
• Sangramento vaginal anormal;
• Cansaço incomum;
• Dor nas costas;
• Dor durante o ato sexual;
• Alterações na menstruação.

Esses sintomas não querem dizer que você está com câncer de ovário, mas merecem uma consulta médica se são sintomas novos, se persistem por mais de algumas semanas.

Além de sintomas inespecíficos, outro fator que corrobora para diagnóstico em fase avançada da doença é que não há nenhum teste simples ou de rotina para descobrir o câncer de ovário com precisão, mesmo o ultrassom transvaginal, muitas vezes usado de rotina, não garante o diagnóstico precoce do câncer de ovário.

Muito se ouve falar também sobre marcadores tumorais dosados no sangue que poderiam detectar precocemente tumores de ovário, como o CA-125. A verdade é que esses marcadores, assim como outros marcadores tumorais na oncologia, não devem ser pedidos de rotina para diagnóstico ou rastreio. O CA-125 é um marcador tumoral usado principalmente na monitorização e avaliação de resposta naquelas pacientes que sabidamente já têm a doença e, não tem benefício de serem usadas de rotina por não serem específicos e sensíveis, podendo inclusive estar aumentados a situações benignas como endometriose, doenças inflamatórias intestinais, insuficiência cardíaca, ascite. Além disso, ter um marcador baixo não exclui a doença!

Até o momento não se conhece exatamente a origem dessa doença, mas sabe-se que alguns fatores de risco aumentam as chances de ela se desenvolver:

• Idade: o risco de câncer de ovário aumenta com a idade e metade das pacientes tem mais de 60 anos. 
• Histórico familiar: casos de câncer de ovário na família aumentam seu risco de ter a doença. 
• Síndromes familiais de câncer: portadoras de síndrome familial de mama e ovário, de câncer colorretal hereditário não poliposo (HNPCC), também chamada de síndrome de Lynch, de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 e alterações nos genes BRIP1, RAP51C ou RAD51D, têm alto risco de desenvolver câncer de ovário e precisam ser acompanhadas regularmente por serviço especializado.

** Anticoncepcional: o uso por mais de 5 anos protege contra o câncer de ovário 

O tratamento do câncer de ovário depende de vários fatores, incluindo o tipo de tumor, seu tamanho e a extensão de sua disseminação (classificado em diferentes estágios do câncer), idade e informações sobre os receptores hormonais e expressão da proteína do tumor.
 
A cirurgia é o principal recurso adotado no tratamento do câncer de ovário. Na maioria dos casos, é recomendada uma cirurgia extensa, que deve ser realizada por profissional especializado no tratamento de doença oncológica. Além da retirada dos ovários, das tubas e do útero, pode ser necessária a remoção dos linfonodos, de parte do peritônio, de fragmentos de intestino ou outros órgãos. Podem ainda fazer parte do tratamento: 


• Quimioterapia;
• Terapia direcionada;
• Ensaio clínico;
• Cuidado paliativo.

Cada uma delas, sozinha ou combinada, pode ter como objetivo: 

• Retirar o câncer
• Reduzir o crescimento do câncer
• Reduzir o risco de disseminação do câncer para outras partes do corpo
• Encolher o tumor para melhorar as chances de retirada cirúrgica 
• Aliviar os sintomas
• Gerenciar os efeitos colaterais 

Como não existe um exame preventivo, a recomendação é que o paciente faça controle anual com ginecologista e fique atento aos sintomas e no seu histórico de saúde familiar e nas situações que facilitam o aparecimento dessa doença.

Dra. Thais Dvulatk Marques
Médica Oncologista Cirúrgica do Complexo ISPON 
CRM-PR 32757 | RQE 24971 | RQE 24972


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