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10 anos EMCP Complexo ISPON: O que são Cuidados Paliativos?

Entendendo os Cuidados Paliativos

10 anos EMCP Complexo ISPON: O que são Cuidados Paliativos?

Paliar, em sua origem (do latim pallium que quer dizer manto), significa proteger, abrandar, ajudar. Nos dias de hoje, a medicina paliativa vem ganhando cada vez mais destaque. Ela não compreende apenas uma área de atuação ou especialidade, mas sim uma filosofia. O foco do paliativismo está na pessoa à nossa frente e não apenas na doença e na medicina alopática. Por muito tempo, o médico via o paciente como uma pessoa com uma doença, cujos esforços deveriam ser feitos a todo custo para tratar a enfermidade e resolver este determinado problema/ameaça à vida. 

A medicina paliativa, não perdendo a atenção para com o tratamento da doença em si, foca na pessoa e em seu sofrimento valorizando sua trajetória, suas crenças, suas vontades e, principalmente, sua qualidade de vida. Geralmente, as equipes de cuidados paliativos lidam com doenças graves (como cânceres, insuficiências cardíacas, pulmonares, renais e outros) e se baseiam em indicadores e scores prognósticos que indicam pessoas com performance e quadros de saúde mais comprometidos, sendo então aqueles com maior indicação e necessidade de tratamentos paliativos. A equipe busca, de todas as maneiras, amenizar o sofrimento das pessoas fazendo com que suas trajetórias de vida sejam as mais dignas possíveis. Isso se dá por meio de uma abordagem multidisciplinar envolvendo profissionais das áreas médicas, da enfermagem, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos, assistentes sociais e outros que, através de suas ações cooperadas, conseguem prover ao doente o alívio físico, emocional e espiritual.

Além de promover ganho em qualidade de vida e amenizar o sofrimento, evidências científicas apontam que a abordagem de equipes especializadas em cuidados paliativos consegue aumentar consideravelmente o tempo de vida de muitos pacientes. Um exemplo clássico foi o estudo publicado em 2010 na revista New England Journal of Medicine, o qual mostrou que associar precocemente os cuidados paliativos ao tratamento padrão (quimioterápico) de pacientes com câncer de pulmão avançado recém-diagnosticados resultou em ganho de qualidade de vida, menos depressão, menos recebimento de tratamentos médicos agressivos e internações e um ganho de aproximadamente mais 3 meses de vida, comparado aos pacientes que não receberam este tipo de atenção.

Para receber cuidados paliativos, a pessoa não precisa estar morrendo ou estar próxima disso. Na verdade, qualquer pessoa com condições graves que apresenta sinais/sintomas de sofrimento de difícil controle se beneficia do tratamento paliativo, devendo iniciar este acompanhamento o quanto antes na evolução de sua doença.

Existe um clássico aforismo com citações variadas e autor indefinido – frequentemente atribuído a Hipócrates – que diz: “Curar algumas vezes, aliviar quando possível, consolar sempre”. As traduções das obras de Hipócrates nos trazem sua concepção de medicina: “[...] penso que o seu objetivo, em termos gerais, é o de afastar os sofrimentos do doente e diminuir a violência de suas doenças [...]”. Assim sendo, a intenção da medicina paliativa é uma das mais nobres e antigas do mundo. Esta deve ser usada e difundida por equipes de saúde, trazendo claramente seus benefícios ao sistema de saúde, a nível individual e coletivo.

O Complexo ISPON está comemorando neste ano, 10 anos de atuação nos cuidados paliativos. Promove bianualmente o Fórum sobre Cuidados Paliativos e possui a EMCP, Equipe Multiprofissional de Cuidados Paliativos, com profissionais associados à ANCP (Academia Nacional de Cuidados Paliativos), desenvolvendo um trabalho reconhecido dentro e fora do nosso estado.

Dr. Pedro Grachisnki Buiar
Médico Oncologista Clínico do Complexo ISPON 
CRM-PR 32421 | RQE 24830 | RQE 24831 
 


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